30.3.13

Malhação de Judas - uma herança colonial

No sábado de aleluia, aquele que antecede a Páscoa, em diversas cidades do Brasil, a malhação de Judas é uma tradição nas comunidades católicas.

O ato representa o dia da morte de Judas Iscariotes, o discípulo que traiu Jesus Cristo.

Malhação de Judas no Brasil - Debret - Século XIX

Essa prática cultural chegou ao Brasil pelos colonizadores portugueses, que trouxeram essa tradição religiosa da Europa para as terras brasileiras.


Interessante notar que com o passar dos anos, a malhação de Judas continua a existir, mas ganhou um sentido político. Os bonecos feitos de jornal, pano e serragem começaram a simbolizar personagens públicos e políticos brasileiros, que não agradam o povo.
Seus nomes são pregados na roupa do boneco, até o momento em que ele começa a receber golpes da multidão ou é consumido pelo fogo. 

Na foto abaixo, tirada hoje em Brasília e reproduzida no site da Folha de São Paulo, o boneco de Judas representava o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), acusado de defender ideias homofóbicas.


Crianças atacam o boneco de Judas, que representa o deputado Marco Feliciano. 

A tradição descrita acima reforça o quanto a História está em nosso presente, faz parte de nossos dias, e as vezes, nem percebemos que agimos de forma semelhante a pessoas que viveram muitos séculos antes de nós. 

E na sua cidade, quem foi o personagem público escolhido para ser o Judas?

24.3.13

O tráfico atlântico no Mundo Moderno

As turmas do 1º ano do Ensino Médio da E. E. Luiz Salgado Lima estão estudando o Tema 2 do Conteúdo Básico Comum (CBC) (ver tabela abaixo). Elaboramos um material didático que estamos trabalhando com os estudantes, que postamos a seguir.
Tema 2: Escravidão e Comércio no Mundo Moderno
TÓPICOSHABILIDADES
2. Circuitos do tráfico de escravos (Novo Mundo, África e Europa)2.1. Compreender e analisar a importância do alargamento das antigas rotas comerciais; o ressurgimento e expansão do comércio, as novas mercadorias e o tráfico de escravos.
2.2. Identificar a origem étnica e geográfica dos escravos trazidos para o Brasil.
2.3. Estabelecer relações entre escravismo colonial e capitalismo.


"A escravidão se caracteriza por sujeitar um homem ao outro, de forma completa: o escravo não é apenas propriedade do senhor, mas também sua vontade está sujeita à autoridade do dono e seu trabalho pode ser obtido até pela força." (PINSKY, 2000)
  • A escravidão moderna está relacionada com a expansão marítima ibérica, no século XV.
  • Nessa época os navegadores portugueses exploravam a costa africana, em busca de ouro e outras especiarias. Chegavam em aldeias e reinos africanos e capturavam seus habitantes. Os nativos eram levados para Portugal, onde eram empregados nas mais variadas formas de trabalho, e também para as colônias, principalmente a América.
  • Os traficantes e mercadores de escravos justificavam o trabalho escravo como uma forma de converter as populações negras ao cristianismo, salvando suas almas e  livrando-as dos cultos pagãos que professavam na África. Nesse sentido, a Igreja Católica colaborou, indiretamente, com a ação dos traficantes de escravos.
  • A escravidão já existia na África, no século XV. Contudo, era praticada de forma bem diferente do modelo mercantil adotado pelos traficantes europeus. Os escravos, geralmente, eram prisioneiros de guerras intertribais, ou entre reinos rivais, e o número de cativos não era tão significativo.
Quem conduz os prisioneiros? Como era realizado o comércio de escravos?
  • Os portugueses firmaram alianças com alguns reinos africanos. Os líderes desses reinos tinham interesses nos produtos europeus e passaram a capturar escravos no interior do continente, em tribos rivais, oferecendo-os aos europeus em troca de seus produtos.  A moeda de troca pelos escravos era o trigo, o sal, cavalos, tecidos, tabaco, aguardente e o açúcar.


  • Os escravos, inicialmente, eram oriundos da região conhecida como Guiné - um vasto território que abrangia desde a embocadura do rio Senegal  até o rio Orange, no atual Gabão. De Angola, de seus portos Benguela e Luanda, partiram também muitos escravos, enviados para a América. A origem étnica dos cativos era muito diversificada.
    Rota Atlântica do comércio de escravos.
  • Para a América Portuguesa, sobretudo, para o Brasil, a partir do século XVI, foram trazidos até o século XIX um total de 4 milhões de escravos africanos. Com o passar dos anos o número de cativos continuava a crescer, e vai permanecer estável pelo menos até a aprovação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, a qual proibiu o tráfico internacional.    
  • Confira abaixo o quantitativo de escravos que desembarcaram no Brasil:
Desembarque estimado de africanos no Brasil - Séculos XVI-XVIII - Períodos 1531-1575 a 1771-1780
Períodos
No período
1531-1575
10000
1576-1600
40000
1601-1625
100000
1626-1650
100000
1651-1670
185000
1676-1700
175000
1701-1710
153700
1711-1720
139000
1721-1730
146300
1731-1740
166100
1741-1750
185100
1751-1760
169400
1761-1770
164600
1771-1780
161300
Total
1895500
Acesso em 19 mar. 2013.

  • Importante destacar que a escravidão resultou na destruição da cultura de diversas etnias africanas. Mas também contribuiu para a miscigenação cultural do povo brasileiro, cuja cultura é marcada pela diversidade e pelo hibridismo étnico.
  • Escravidão e Capitalismo: O tráfico de escravos está inserido na lógica do Capitalismo comercial, garantindo lucro aos traficantes, impostos para os Estados coloniais europeus e servindo aos interesses econômicos dos senhores de escravos. A escravidão, indígena e africana, sustentou, em grande parte, o projeto colonizador dos europeus na América. 

Trecho do filme Amistad, que mostra a captura e o transporte dos africanos.



Leia também o Post relacionado:
http://acropolemg.blogspot.com.br/2012/09/so-os-africanos-eram-escravizados.html

18.3.13

A Revolução em Imagens

Abaixo postamos alguns slides com imagens da Revolução Francesa, um dos temas que estamos estudando com os alunos das turmas 801 e 802 do CIEP 280.

Confira algumas imagens marcantes desse momento histórico fundamental para a História política e social contemporâneas:


Trabalho dos alunos:

Os alunos das tumas 801 e 802 produziram pequenos textos sobre a Revolução Francesa e o Antigo Regime, que era o modelo político e social vigente na França, ao final do século XVIII.
Leia o que a estudante Adriele escreveu sobre o Antigo Regime: 

"No antigo regime a monarquia era absoluta, pois só o rei tinha poder sobre o povo, ele decidia tudo. O direito divino dos reis era defendido pelo clero, e essa ideia dizia que o rei era escolhido por Deus, então seu poder era divino, logo ninguém deveria questioná-lo. 
A sociedade era estamental, estilo pirâmide, um mandava o outro obedecia.  A condição social das pessoas era dada pelo nascimento, isto é, que quem nasce em famílias do povo nunca poderá ser um nobre.  Um nobre jamais será como alguém do povo.
A política econômica no Antigo Regime era o Mercantilismo, quando o governo (rei) controla o comércio e as demais atividades econômicas do reino". (Adriele - 8º ano)

Parabéns Adriele!
Em breve postaremos mais produções de nossos estudantes.

5.3.13

Hugo Chávez (1954-2013)


Faleceu hoje o presidente venezuelano, Hugo Chávez, vítima de câncer.




Revolucionário para alguns e ditador para outros, o polêmico presidente Chávez governava a Venezuela desde 1999. 

De golpes de estado a referendos populares, Chávez permaneceu no poder, defendendo seus ideais bolivarianos, inspirado no revolucionário Simón Bolívar, líder do movimento de independência venezuelano no século XIX. Mas sempre conviveu com as denúncias e pressões internacionais à sua forma de governar, considerada por alguns, principalmente pelos E.U.A, autoritária e indiferente aos direitos humanos.
Bolívar defendia a liberdade e a união da América Latina.
Hugo Chávez também foi crítico ferrenho dos E.U.A e de sua política de intervenção nos assuntos internos dos países latinoamericanos, além de ser contrário aos princípios neoliberais, que basicamente reduzem o papel do Estado em áreas sociais importantes, como saúde, segurança, educação e economia.

Chávez trabalhou pela nacionalização do petróleo, a principal riqueza econômica da Venezuela, que responde por cerca de 80% das exportações do país, sendo a oitava maior exportadora mundial de petróleo.
Implantou diversos programas sociais, gerou emprego e renda no campo. Investiu em saúde e educação, reduzindo os índices de analfabetismo no país.

Quer saber mais sobre o governo de Hugo Chávez? Que tal assistir ao documentário "Ao sul da fronteira" (2009) - dirigido pelo diretor norte-americano Oliver Stone? 
Curte aí, uma viagem pela América Latina, conheça alguns de seus líderes de "esquerda" e algumas das melhorias sociais e econômicas que eles têm promovido no continente: