28.10.13

A prova de História do ENEM 2013

Estudamos muitos temas históricos com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, 1º e 2º anos do Ensino Médio visando sua preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Na prova do ENEM 2013 foram cobrados várias questões com temas abordados em sala de aula. Assuntos como a diversidade cultural da África, sincretismo cultural no Brasil, chegada dos portugueses à América,  dentre outros marcaram presença na prova. Sempre acompanhados por um texto ou fragmentos de documentos históricos da época, que exigiam do candidato uma leitura atenta e conhecimento do contexto histórico para responder corretamente as questões.
As questões que reproduzimos abaixo foram retiradas da Prova amarela, capturada no site da Globo. Confira:

(*O etnocentrismo ocidental e o não reconhecimento da História e cultura africana pelo Cinema norte-americano)
4 - A África também já serviu como ponto de partida para comédias bem vulgares, mas de muito sucesso, como Um príncipe em Nova York e Ace Ventura: um maluco na África; em ambas, a África parece um lugar cheio de tribos doidas e rituais de desenho animado. A animação O rei Leão, da Disney, o mais bem-sucedido filme americano ambientado na África, não chegava a contar
com elenco de seres humanos. LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no clichê. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em 17 abr, 2010.

A produção cinematográfica referida no texto contribui para a constituição de uma memória sobre a África e seus habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia, respectivamente, os seguintes aspectos do continente africano:
a) A história e a natureza.
b) O exotismo e as culturas.
c) A sociedade e a economia.
d) O comércio e o ambiente.
e) A diversidade e a política

(*Fim do Apartheid - segregacionismo (divisão) baseada no princípio racial).
5 - Tendo encarado a besta do passado olho no olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo feito correções, viremos agora a página – não para esquecê-lo, mas para não deixá-lo aprisionar-nos para sempre. Avancemos em direção a um futuro glorioso de uma nova sociedade sul-africana, em que as pessoas valham não em razão de irrelevâncias biológicas ou de outros estranhos atributos, mas porque são pessoas de valor infinito criadas à imagem de Deus. Desmond Tutu, no encerramento da Comissão da Verdade na África do Sul.  Disponível em: http://td.camara.leg.br. Acesso em 17 dez. 2012 (adaptado).

No texto, relaciona-se a consolidação da democracia na África do Sul à superação de um legado

a) populista, que favorecia a cooptação de dissidentes políticos.
b) totalitarista, que bloqueava o diálogo com os movimentos sociais.
c) segregacionista, que impedia a universalização da cidadania.
d) estagnacionista, que disseminava a pauperização social.
e) fundamentalista, que engendrava conflitos religiosos.

(*Visões sobre o Império o Brasil apresentadas em uma pintura histórica e uma fotografia)
7
MOUREAUX, F.R. Proclamação da Independência.


FERREZ, M. D. Pedro II.
SCHWARCZ, L.M. As barbas do Imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos.
São Paulo: Cia das Letras, 1998.

As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II, procuram transmitir determinadas representações políticas acerca dos dois monarcas e seus contextos de atuação. A ideia que cada imagem evoca é, respectivamente:

a) Habilidade militar – riqueza pessoal.
b) Liderança popular – estabilidade política.
c) Instabilidade econômica – herança europeia.
d) Isolamento político – centralização do poder.
e) Nacionalismo exacerbado – inovação administrativa.

(*Tentativa dos espanhóis de resistirem à implantação de um governo autoritário em 1936).
19 - As Brigadas Internacionais foram unidades de combatentes formadas por voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo – incluindo 40 brasileiros – tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras correntes político-ideológicas. SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009 (fragmento).

A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930. A perspectiva política comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a)
a) crítica ao stalinismo.
b) combate ao fascismo.
c) rejeição ao federalismo.
d) apoio ao corporativismo.
e) adesão ao anarquismo.

(*Trata-se da luta dos plebeus contra o privilégio dos patrícios que manipulavam as leis na Roma Antiga.)
29 - Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon. COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo. Martins Fontes, 2000.
A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à
a) adoção do sufrágio universal masculino.
b) extensão da cidadania aos homens livres.
c) afirmação de instituições democráticas.
d) implantação de direitos sociais.
e) tripartição dos poderes políticos.

(* A festa conhecida como Congada mescla elementos da cultura católica e afrobrasileira, era celebrada na colônia por escravos.)
32 - Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza. Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud DEL PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil colonial. In: CATELLI JR, R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).
Originária dos tempos coloniais, as festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um processo de
a) exclusão social.
b) imposição religiosa.
c) acomodação política.
d) supressão simbólica.
e) ressignificação cultural.

(* Outra questão sobre a diversidade cultural afrobrasileira e a palavra chave que tanto citamos nas aulas - SINCRETISMO CULTURAL.)
34 - A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente. MINAS GERAIS: Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.
Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas
a) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.
b) perderam a relação com o seu passado histórico.
c) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.
d) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.
e) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.

(* A sugestão de Pero Vaz de Caminha, em 1500, ao rei de Portugal para catequizar os índios do Brasil)
40  - De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o
relato enfatiza o seguinte objetivo:
a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.
b) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.
c) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.
d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.
e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

Gabarito extraoficial:
4 - B
5 - C
7 - B
19 - B
29 - B
32 - E
34 - C
40 - A

A melhor opção é estudar, prestar a atenção nas aulas, fazer as atividades propostas e ler bastante. Recorrer aos livros e aos textos na internet para treinar a leitura e aprimorar a capacidade interpretação. Sem esforço e dedicação aos estudos a chance de se dar bem no ENEM ou em qualquer outra seleção é muito pequena. 
Fica a dica!

30 de outubro: Confira o gabarito oficial no site do ENEM/INEP.

15.10.13

15 de outubro: nada a comemorar

Hoje é Dia do Professor aquele profissional que forma todos os demais profissionais que atuam na sociedade.
Engenheiros, médicos, advogados, enfermeiros, mecânicos, policiais etc... Todos esses profissionais, antes de atuarem no mercado de trabalho, passaram pelos bancos das salas de aulas e receberam o seu conhecimento dos professores.

Devido à sua importância social, os Professores deveriam ser mais valorizados e tratados com mais respeito pela sociedade e pelos políticos que a governam.
Melhores condições de trabalho, salários justos, carga horária de trabalho adequada, em suma, dignidade e segurança no exercício da docência são algumas das prioridades da Educação, mas elas tem sido tratadas com total descaso pelos governantes, em todas as esferas da Federação brasileira.

Os professores de Educação Básica, Ensino Fundamental e Médio, das redes públicas, certamente não têm nada para comemorar nesse dia. 
Os mestres, que ensinam e forjam os rumos da sociedade, estão empobrecidos, adoentados, sufocados e amedrontados com as inúmeras formas de violência vivenciadas em seu cotidiano profissional. Essa violência se manifesta diariamente, seja pelos abusos de poder dos governantes e suas políticas públicas arbitrárias, e também pelo assédio moral das chefias das escolas. Some-se a isso tudo o desrespeito com o qual alguns alunos e seus responsáveis tratam os Educadores. Em muitos casos, infelizmente, a violência ultrapassa os limites e chega  à agressão física.
Professores reivindicam melhores salários em Bangladesh. (Janeiro de 2013)
As escolas, que já foram cultuadas como templos do saber, hoje são instituições sucateadas, incapazes de alimentar sonhos e esperanças por dias melhores.
Quando a sociedade brasileira tiver a consciência da importância do Professor e da real capacidade que a Educação tem de transformar, começaremos a valorizar realmente nossos Mestres. 
Nesse dia teremos motivos para celebrar o Dia do Professor, não só com palavras bonitas e mensagens de efeito, mas com gestos e atitudes concretas que demonstrem o quanto os Educadores merecem ser respeitados.

13.10.13

Carmo (RJ): 132 anos de autonomia político-administrativa

Hoje, dia 13 de outubro, Carmo, município da região serrana do Rio de Janeiro, completa 132 anos que obteve sua autonomia política e administrativa pelo Decreto provincial nº 2577, de 13 de outubro de 1881.

Até a publicação do decreto, Carmo pertencia, desde 1814, à Vila de São Pedro de Cantagallo (atual município de Cantagalo). Essa região, desde a segunda metade do século XVIII, vinha recebendo uma significativa quantidade de imigrantes mestiços, portugueses e pessoas oriundas da Capitania de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.  Eles buscavam metais preciosos - ouro, por exemplo, e também aproveitavam a fertilidade das terras e as águas abundantes dos rios para praticar a agricultura e erguerem seus aldeamentos. Os colonos formavam roças, onde cultivavam milho, feijão, cana de açúcar e o café. A agricultura tinha um caráter de subsistência, e o excedente era comercializado na localidade ou enviado para a capital, o Rio de Janeiro.

Alguns dos índios que viveram na região do Carmo e Cantagalo.Século XIX. 
Cabe registrar que as terras de Cantagalo e Carmo eram habitadas antes da chegada dos colonos europeus, por diversos povos indígenas. Entre esses havia os Coroados e os Goytacazes, os quais desapareceram da região em meados de 1855, provavelmente, deixaram o lugar, misturaram-se aos colonos e morreram com as guerras ou vítimas das doenças, como o sarampo, gripe etc.
Aldeia de índios Coroados.
A colonização da atual região do Carmo teve início por volta de 1830, quando alguns proprietários de terra de Cantagalo ordenaram a derrubada da mata no local chamado de Arraial de Samambaia, que depois seria chamada de Arraial do Carmo de Cantagalo.
No roçado, foi construída em 1842 uma capela dedicada a Nossa Senhora do Carmo. Ao redor dessa capela que formou-se o Arraial de Nossa Senhora do Carmo.
Devido ao crescimento do Arraial, Carmo tornou-se uma freguesia, no ano de 1846, e em 1881 adquiriu a condição de vila, denominada Nossa Senhora do Monte do Carmo, sendo desmembrada de Cantagalo.

No ano de 1889 a vila foi elevada à condição de Cidade, com o nome de Carmo, que é mantido até os dias atuais.

Localização do Carmo, em destaque.

Atualmente, a Cidade Bela, como é conhecida na região, tem cerca de 17.000 habitantes e uma área de 321,943 Km2. Ela tem os seguintes distritos: Córrego da Prata, Porto Velho da Cunha e as localidades importantes - Influência, Santo Antônio do Quilombo, Barra do São Francisco, Bacelar e Paquequer.

Brasão da cidade.
A cidade conta com belezas naturais e arquitetônicas, tal como a Igreja Matriz, cuja obra foi concluída em 1876.

Parabéns, Carmo! Muitas felicidades e prosperidade para nossa cidade e todos os seus habitantes.



Para conhecer mais sobre a cidade do Carmo, acesse o site da IBGE para ver o perfil detalhado e os indicadores socioeconômicos do município:

2.10.13

GREVE NA EDUCAÇÃO DO RJ

As redes municipal e estadual de Educação pública do Estado do Rio de Janeiro estão em greve desde o dia 08 de agosto.

Os aguerridos professores lutam melhorias na área educacional e por salários dignos, um plano de carreira justo que valorize a dedicação dos professores, mas também reivindicam mais investimentos públicos na estrutura das escolas e o fim da meritocracia e das tentativas dos Governos de transformar as escolas em "fábricas" ou empresas de resultados.
Cada escola é singular, avaliações externas devem servir apenas como diagnóstico e não para punir ou premiar professores e alunos. A qualidade da Educação não se mede apenas com o número de acertos que alunos obtém em testes padronizados de Língua Portuguesa e de Matemática. Inúmeros intelectuais, professores universitários e acadêmicos questionam as políticas de avaliações educacionais de larga escala e o modelo de meritocracia que os governos do Brasil, copiando dos E.U.A e do Chile, tentam implantar na educação do país.

A luta dos professores vai muito além dos necessários reajustes salariais, passa por questões políticas, administrativas e pedagógicas da Educação no Estado do Rio de Janeiro.

A greve ganhou as ruas da Capital, numa tentativa da categoria de dialogar com o povo e mostrar-lhes a realidade da Educação pública e as dificuldades que os educadores, adoecidos e empobrecidos, enfrentam no seu cotidiano. 
Por que levar isso para as ruas? Porque a Educação não é um problema só dos professores, dos políticos e dos gestores educacionais, ela é um problema que diz respeito a todos os cidadãos, pois se a Educação está mal a sociedade vai mal. A primeira influencia diretamente a formação da última.

Os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro já se mostraram pouco abertos ao diálogo com o povo, talvez porque não estejam acostumados a viver em uma democracia, de fato.
Em um regime que se diz democrático é de suma importância o respeito pelas opiniões diferentes e mais importante ainda é o governante saber ouvir o clamor do povo. A obrigação do governo é trabalhar para a felicidade dos governados, tentar solucionar os problemas e atender às reivindicações da maioria.
Mas o governo Cabral e Paes não escutam, não dialogam e por isso estão sendo duramente atacados pelo povo do Rio de Janeiro, não só pelos professores.
Como os governos não dialogam e não escutam as justas reivindicações dos servidores da Educação do estado, há o confronto. Os governos têm recorrido à truculência e preterido o diálogo.
Usam a polícia para silenciar os professores. Gás de pimentas, cassetetes, balas de borracha e granadas de efeito moral... essa é a resposta que os professores da Educação Básica do Povo do Rio de Janeiro recebem de seus ilustres e dignos governantes para suas justas reivindicações....
Confronto entre manifestantes e policiais no dia 01/10/2013

A ação truculenta da Polícia Militar do Rio de Janeiro contra os professores em greve e os cidadãos conscientes que apoiam a luta dos profissionais da educação ganhou todas as mídias nacionais - sites de notícias e redes de televisão. Entretanto, pelo que tenho percebido quanto mais forte é a repressão da PM, maior é a garra, a determinação e a coragem dos professores que estão em greve de continuar na luta. Uma coragem assim é de encher os olhos, o que me causa um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo que sinto orgulho de ser um professor, educador, formador de opinião e de cidadãos, eu também sinto vergonha devido à falta de solidariedade e de consciência da categoria como um todo, pois muitos professores escolhem permanecer alheio a tudo o que está acontecendo, preferem se esconder em sua rotina à lutar. 

Mas o que importa agora é apoiar os bravos, aqueles que estão em luta, que abdicaram de suas vidas, superando o egoísmo, para batalhar por melhorias coletivas que poderão repercutir, positivamente, em toda a sociedade.

Quero dedicar nossas orações, nosso apoio e admiração para os corajosos professores que não tem medo da luta e, que mesmo estando em greve, dão aula de cidadania e dignidade para muita gente!