20.12.18

Férias

Estamos de férias!

Desejamos a todos os nossos alunos e alunas, amigos e amigas de trabalho e aos visitantes do Acrópoe - História & Educação um feliz Natal e próspero ano novo!



Que Deus nos abençoe em 2019 e ajude a minimizar os graves problemas nacionais, como a violência, pobreza e a falta de ética nos diversos segmentos da vida pública e privada.

Até breve e bom descanso para nós.




10.12.18

Opinião: A direção de escola tem que acabar

Já escrevi e defendi aqui no Blog que a direção das escolas públicas deveria ser colegiada. O controle das escolas deveria passar das mãos de diretores para os representantes da comunidade escolar, os quais decidiriam os rumos da instituição de ensino.

Pois bem, reafirmo a defesa de meu ponto de vista e farei um relato de experiências que vivi, ao longo de doze anos de carreira, trabalhando em diversas escolas, em regiões e estados diferentes. É essa experiência, resultado de minhas observações e do convívio profissional que mantive com inúmeros diretores, que embasa a minha opinião.

Adianto que, na maioria das vezes, ter vivenciado o dia a da escola sob a batuta dos gestores foi desagradável, presenciei muitas injustiças, irregularidades e práticas condenáveis. Além disso, muitos gestores "pararam no tempo", não possuem boa formação acadêmica e pedagógica, tampouco administrativa, não são afeitos ao hábito de estudar. Houve exceções, tive o prazer de trabalhar com um gestor que priorizava o respeito e o carinho acima de tudo, foi uma das pessoas mais belas que conheci até hoje.
Importante destacar que também fui diretor de escola, por três anos, estive do outro lado, sei que é complicado liderar pessoas com ideias diferentes, às vezes conflitantes, e garantir a implantação das políticas educacionais do governo. Mas enquanto fui diretor sempre busquei o diálogo, o respeito e a observância dos princípios fundamentais da administração pública. Certamente não agradei a todos, mas, graças ao bom trabalho que fiz, fui reconhecido e até hoje sou saudado por muitos.

Além de minhas impressões pessoais, as quais relatarei a seguir, escuto rotineiramente as reclamações dos colegas com os quais eu trabalho, que também atuam em outras escolas e compartilham suas frustrações e angústias sobre o que os gestores andam aprontando por aí.

Diretores, pelo que pude observar, personalizam em si o poder, normalmente querem se afastar da sala de aula, estão de "saco cheio" da rotina de ensinar e articulam formas para ocupar cargos diretivos. Uma vez que assumem a função querem se eternizar nela. Quem não conhece diretor, aqui na Regional de Leopoldina, por exemplo, que permanece na função por uma década ou mais?

Por personalizar o poder, esses diretores ficam "caolhos", se tornam anti-democráticos, recebem o apoio de alguns professores e funcionários da escola, que dão o aval às suas ações discricionárias. Tais ações são referendadas ainda pelo Colegiado, órgão consultivo e deliberativo da Escola, cujos membros são "escolhidos", "sugeridos" e "apontados", na surdina, pelos diretores, para dar respaldo e uma falsa aparência de normalidade coletiva à iniciativa e ao desejo individual do gestor.

Caso algum professor ou funcionário se rebele contra as atitudes do diretor há diferentes formas de punição: ameaças veladas, mudança de horário para prejudicar e dificultar a vida do servidor, nota baixa na Avaliação de Desempenho (cuja comissão também tem indicados do diretor, que a preside), isolamento do servidor rebelde e outras formas de assédio moral.

Senti isso na pele, em certa ocasião havia acabado de chegar numa escola, tinha sido removido. Com minha chegada, o professor contratado foi dispensado. Por acaso ele era primo do gestor da escola. Alguns dias depois de minha chegada o gestor me chamou e me informou que o horário de minhas aulas iria passar por alteração, as aulas que eram ministradas em 2 dias, misteriosamente, passaram para 3 dias. De modo impositivo, sem chance alguma de apelação, tive de aceitar o horário e por um semestre inteiro tive que viajar mais, gastando mais dinheiro com passagens de ônibus para me deslocar para a escola. Claramente o gestor não me queria na escola, dificultou minha vida, criou um estímulo para que eu deixasse a escola o mais rápido possível para que seu primo retornasse ao cargo. E assim ocorreu! Me transferi para outra escola, onde conheci um gestor maravilhoso, muito humano, com o perdão da redundância, amoroso e educado.

Em outra escola vivi um momento dificílimo, o gestor era bastante radical e fervoroso na defesa de suas ideias, misturava suas crenças com a administração pública da escola, se dizia um escolhido de Deus para dirigir. Aqueles que eram adeptos de sua doutrina tinham certas vantagens, "regalias", "privilégios" e "proteção" na escola. Os que não aceitavam e levantavam a voz contra aquele tipo de administração baseada num fanatismo era perseguido. Eu fui um dos que ousou erguer a voz contra a tirania. Com isso, o gestor passou a me enxergar com maus olhos, quando me via não cumprimentava, instigou pais e alunos contra mim, usou até de mentiras para me fazer passar por um processo administrativo, arquivado posteriormente por instâncias superiores. Enfim, era um gestor que perseguia, coagia e isolava aqueles que não lhe agradavam. Foi um momento profissional horrível, de descrença pessoal na profissão e também de busca de forças internas, apoio e ajuda para superar uma fase nebulosa.

Ao longo de mais uma década trabalhando em escolas públicas pude observar pequenas, porém graves, transgressões cometidas por diretores despóticos. Eles fazem do cotidiano escolar, um ambiente plural que deveria ser pautado pela democracia e pela busca da convivência harmônica, um local de medo, terror e silêncio. Não possuem boa formação e nem as habilidades e competências necessárias para liderar e exercer plenamente as funções inerentes ao cargo. Eles misturam crenças e assuntos da esfera privada com a esfera pública, alguns se corrompem, infringem a lei. Com relação ao assédio moral dos chefes em relação aos subordinados a situação é delicada, a vítima sofre em silêncio, ocorreu comigo e vi acontecer com colegas de trabalho que derramaram lágrimas, deixaram a escola por conta da dor de ser perseguido e não ter a quem recorrer. É difícil se defender do assédio, não sabemos exatamente a quem ou qual órgão buscar socorro, é difícil obter provas e testemunhos, ainda mais quando muitos membros da escola são cooptados pelo diretor. O pior é que a instância superior à escola, órgãos como as Superintendências e Coordenadorias, em diversas vezes têm conhecimento de tais infrações e são coniventes, nada fazem para enquadrar o gestor e obrigá-lo a ser mais imparcial, justo e obedecer a legislação vigente. Simplesmente lavam as mãos.

Paro por aqui para não me estender mais, ainda há muito para relatar, talvez em outra postagem. Mas por tudo que vi e vivi é que defendo que a gestão da escola passe para o poder dos membros da comunidade escolar, se torne uma efetiva e real gestão colegiada. As decisões precisam ser tomadas coletivamente, após discussões e análises de todos os representantes dos vários segmentos que compõe a escola. Não deve haver um diretor e nem gratificação financeira, isso representaria até uma economia para os cofres públicos. Pais, alunos, professores e servidores da escola devem administrá-la, observando a legislação educacional vigente.

O modelo atual de administração escolar fabrica, por todos os cantos, diretores autoritários que cometem, impunemente, abusos de poder. Isso não contribui em nada para o aperfeiçoamento do ensino e nem melhora a formação dos estudantes, logo não concorre para o processo de construção de uma sociedade com valores democráticos.

29.11.18

Empreender é realizar boas coisas coletivamente!

Todo empreendimento começa a partir de um planejamento, essa etapa é fundamental, pois é nela que são traçados os objetivos da empreitada, as tarefas e responsabilidades são divididas.

Aqui no Ensino Fundamental do CIEP 280, nós, da área de Ciências Humanas, realizamos um trabalho baseado em dois princípios fundamentais e basilares: diálogo e horizontalidade!
O diálogo nos permite expor ideias e ouvir a dos colegas, para depois realizar uma síntese que se transformará em ações. A horizontalidade nos coloca como iguais, ninguém é melhor do que o outro, nada é imposto, não "vem de cima para baixo", deliberamos e agimos como um grupo que tem o objetivo de educar. 

Partindo desses dois valores essenciais é que nos reunimos e colocamos no papel nossos sonhos e ideias. E assim ocorreu quando fomos celebrar o dia da Consciência Negra. Elaboramos um projeto envolvendo as disciplinas de Artes, História e Geografia nas turmas de 6º a 8º anos do Ensino Fundamental.

O Projeto ficou excelente e o resultado melhor ainda, com amplo envolvimento e protagonismo dos estudantes, os quais foram acompanhados e orientados pelos professores ao longo de cada etapa e execução dos trabalhos previstos. Além disso, firmamos parcerias, trouxemos um palestrante, secretário municipal, e um grupo de Capoeira para se apresentar na escola. Enfim, foi um grande evento! 
Eis a íntegra do Projeto:

Projeto: “Semana da Consciência Negra”
Planejamento de área: Ciências Humanas do Ensino Fundamental do CIEP 280

Apresentação e Justificativa
         O presente projeto destina-se a promover, especialmente, durante as semanas que antecedem o feriado de 20 de novembro (dia da Consciência Negra) uma reflexão histórica, cultural e política do papel do negro na sociedade brasileira e no cenário internacional.
         Por muito tempo, alguns intelectuais, em meados do século XIX, defendiam a ideia do racismo científico, estabelecendo hierarquias raciais e colocando as etnias africanas em posição inferior aos brancos. Somente após a década de 1950 que tais preconceitos começaram a ser demovidos por novas ideias e pesquisas antropológicas, sociológicas e genéticas.
         Os resultados de novos trabalhos apontam para uma origem comum dos grupos humanos, que remontam à África há milhares de anos atrás. Portanto, desconstruir o racismo é condição sine qua non para almejarmos uma sociedade igualitária e equitativa com oportunidades para todos, independente de sua cor da pele, crenças religiosas, ideologia e etc. Logo, torna-se imprescindível conhecer as formas de discriminação, dominar o conceito de racismo e os meios para combater tais práticas que persistem na sociedade contemporânea.
         Com as atividades previstas neste projeto esperamos apresentar aos alunos e alunas, bem como aos demais membros da comunidade escolar, além de conceitos relevantes, como racismo e discriminação, personalidades afrodescendentes importantes, no Brasil e no exterior, as quais se destacaram em diversas áreas: Literatura, Arte, Música, Ciência, Esporte, Política.

Objetivos
·        Valorizar a cultura afrodescendente e reconhecer a contribuição de seus representantes em diversos aspectos da cultura e da humanidade, como Ciência, Literatura, Artes Plásticas, Esporte e Política;
·        Conhecer o conceito de racismo, discriminação racial e os meios para combate-lo;
·        Reconhecer a influência afrodescendente na culinária, no vocabulário e na cultura brasileira.

Atividades Propostas, Responsáveis e Cronograma
·        Confecção de Cartazes pelos estudantes e professores (Rodolfo, Gabriel, Dacimar e Angélica), seguindo o modelo abaixo:

        
·        Exposição dos cartazes no pátio da escola (Turmas 601 e 602 e 701, 702 e 703, Rodolfo, Dacimar e Gabriel);
·        Apresentação de capoeira com grupos da cidade e alunos (Turmas 701, 702 e 703 e Dacimar);
·        “Roda de Conversa” com um representante do Movimento Negro do Carmo, o secretário municipal de Cultura do município, – senhor Wesley Muniz. (Alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental; Dacimar);
·        Apresentação de Trabalhos sobre conceitos como racismo, discriminação e temas, como Escravidão no Brasil, Quilombos e Resistência e Abolição da Escravatura (1888) (Rodolfo e Mirian);
·        “Sabor à Mesa”: degustação de alimentos de origem afro-brasileira. Merenda: Feijoada (Direção da Escola e Cantineiras); Sobremesa: Cocada e pé de moleque (Turmas 701, 702 e 703).
A culminância do Projeto será no dia 22 de Novembro de 2018 (Quinta-feira), a partir das 08:00 horas com previsão de término às 12:30 h. Nessa data ocorrerá as exposições de cartazes, apresentações de Capoeira, Roda de Conversa e será servido uma feijoada para os estudantes, professores e convidados.

Professores Responsáveis
Angélica Longo
Dacimar Gonçalves
Mirian Kunha
Gabriel Duarte
Rodolfo Pereira   

Vídeo com apresentação de Capoeira de um grupo Carmense, composto por alunos, pais e membros da comunidade.





24.11.18

O mundo mágico da leitura

Na feira cultural de 2018, eu e a professora de língua portuguesa,  Cristiane Gonçalves Toso Pereira,  trabalhamos junto com a turma 1° 6, do Ensino Médio. 

O tema desenvolvido foi a história do livro. Exploramos desde as tábuas de argila, com o surgimento da escrita há 4000 a. C. até os modernos e-books.

Os estudantes capricharam nos trabalhos e nas pesquisas e expuseram dados relevantes, sobre autores, gêneros literários e números e percentuais relativos aos leitores e ao mercado do livro no Brasil. Foi um deleite para os inúmeros visitantes que nos prestigiaram.

Todos os alunos e professores que participaram do evento estão de parabéns,  todos os trabalhos ficaram incríveis e muito criativos.



















Dia da consciência negra

Somos uma sociedade multiétnica, plural e diversa. O dia da consciência negra,  20 de novembro,  marca simbolicamente a resistência dos afrodescendentes por direitos e igualdade.

Trabalhamos conceitos importantes com os alunos,  como preconceito,  discriminação e racismo. Depois elaboramos cartazes com as definições e leis que defendem a igualdade entre os indivíduos,  independentemente da cor da pele, e criminalizam o racismo.

Confira:


19.11.18

A justificação do racismo e da escravidão pela ciência e pela fé

A escravidão é uma forma de exploração do trabalho que tem ocorrido em diversas sociedades e localidades desde a Antiguidade.

Na Civilização Grega, por exemplo, os homens livres poderiam se tornar escravos, caso não pagassem suas dívidas, os prisioneiros de guerras também era sujeitos ao trabalho compulsório e de acordo com Aristóteles: 

“É obvio, então, que uns são livres e outros escravos, por natureza, e que para estes a escravidão é não adequada, mas também justa”.

O filósofo grego atribui aos bárbaros, isto é, àquelas pessoas que não pertenciam à civilização grega a condição natural de escravos, homens que pertenciam a outrem.

Se a princípio a expressão raça estava relacionada à descendência familiar, ao longo do tempo o conceito vai se metamorfoseando e legitimando o processo de exploração de uns sobre outros. No século XVIII, a zoologia usava raça "para designar os subgrupos em uma espécie" (p. 54).
No século XIX, cientistas europeus, baseados nos estudos do biólogo Charles Darwin, elaboraram o racismo científico, também conhecido como "darwinismo social".

O darwinismo social estabeleceu hierarquias entre as raças, tomando como critérios para hierarquizar os grupos humanos aspectos psíquicos e físicos, como, por exemplo, o estudo do formato do nariz e as medidas do crânio. 





"Em 1859, o sociólogo francês Georges Vacher de la Pouge por exemplo, comparou crânios de macacos, de homens negros e de europeus e concluiu que a raça europeia era superior a todas as outras." (p. 56). 
Resultado de imagem para vacher lapouge
A ideia do darwinismo social será bastante difundida entre os Ocidentais e servirá para legitimar o Imperialismo e o Neocolonialismo praticado pelas potências europeias no século XIX, submetendo ao seu poderio povos africanos e asiáticos.

Somente a partir da segunda metade do século XX, após a comoção mundial causada pelo horror do nazismo e do conhecimento público acerca do Holocausto, é que os cientistas reconheceram a existência de apenas uma raça - a humana. Os nazistas haviam levado a ideia de superioridade racial ao extremo, promovendo a solução final, isto é o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa. Os estudos dos geneticistas comprovaram que, apesar das diferenças fenotípicas, há padrões inegáveis entre o código genético de todos os seres humanos, que indicam uma origem comum.
"Eva mitocondrial", as mitocôndrias das pessoas vieram de uma mesma linhagem matrilinear. 
Voltemos na linha do tempo, no século XVI, onde, com o advento das Grandes Navegações e dos descobrimentos marítimos, os europeus estabeleceram contatos com outros povos, como os africanos e os nativos americanos. Logo, houve a necessidade de mão de obra para a exploração colonial e os africanos e os índios tornaram-se alvos do apresamento sistemático pelos captores europeus. Assim nascia o Tráfico Atlântico Moderno, que vai promover uma das maiores migrações (forçada) de toda a História.
Resultado de imagem para tráfico atlântico

Para justificar a escravidão de índios e negros, os europeus recorriam a argumentos religiosos, questionando se aqueles povos tinham alma por desconhecerem o Deus da tradição hebraica-cristã. Os escravos tornaram-se assim mercadorias, "não eram homens, mas coisas que pertenciam a quem os comprava" (p. 63). 

A Igreja julgou que os índios deveriam ser catequizados, já os negros deveriam passar pelo purgatório, representado pelo trabalho forçado. Acreditava-se, à época, que os africanos ou etíopes, eram descendentes de Caim ou de Sem e essa herança maldita tinha que ser compensada com o cativeiro.  
Entre os séculos XVI a XIX, o comércio de escravos foi intenso e estima-se que: 

"Dez a quinze milhões de seres humanos foram, assim, transplantados à força das cosas ocidentais da África para as Antilhas e para o continente americano. Sua força de trabalho era utilizada pelos fazendeiros brancos que colonizavam essas regiões" (p. 63).

Resultado de imagem para tráfico atlântico

A escravidão no Brasil só chegou ao fim em 1888, após a abolição, entretanto o descaso com os negros libertos contribuiu para as enormes desigualdades sociais permanecessem até os dias de hoje, onde parte da população negra segue marginalizada.

Racismo nos EUA

Nos EUA o escravismo também deixou profundas sequelas sociais. Após o fim da Guerra de Secessão em 1865 a vitória do norte permitiu a abolição da escravidão no país.
Contudo, grupos sulistas derrotados e insatisfeitos formaram a Ku Klux Klan (KKK). Eles se vestiam com roupas e capuzes brancos, perseguiam e assassinavam negros. "Entre 1882 e 1962, houve 4733 linchamentos. A congregação existe até hoje" (p. 66).

Nos EUA, após a abolição, a segregação racial entre brancos e negros permanecia, o que gerou inúmeras manifestações em prol dos direitos cívicos dos afrodescendentes. 
Resultado de imagem para bebedouro eua brancos e negros
O pastor Martin Luther King foi um dos líderes do movimento e acabou assassinado em 4 de abril de 1968.    
Resultado de imagem para martin luther king
A segregação racial nos EUA foi abolida por lei, visando garantir igualdade de oportunidades para brancos e os afro-americanos. Entretanto, na prática ainda há grupos sociais que sustentam o ódios contra negros e latinos pobres.
Resultado de imagem para supremacia branca eua
Manifestação de grupos da supremacia-branca, na Virginia (EUA), 2017.  


Apartheid na África do Sul

Na África do Sul a comunidade branca de 3 milhões de pessoas impôs aos negros, que constituíam a maioria da população 13 milhões, um sistema de segregação racial - o apartheid.

A medida criada em 1948 separava brancos e negros, estabelecia a proibição de casamentos inter-raciais e restringia os direitos dos negros, proibindo-os, por exemplo, de acessarem determinados lugares (ver imagem abaixo).
Resultado de imagem para apartheid praia

O líder sul-africano Nelson Mandela, que ficou preso por 27 anos por se opor ao apartheid, tornou-se o primeiro negro a ser presidente da República da África do Sul em 1994. 
Resultado de imagem para nelson mandela

Em seu governo, Mandela trabalhou pela reconciliação interna do país e pelo fim da política do apartheid.

Bibliografia básica

COMBESQUE, Marie Agnès. O silêncio e o ódio: racismo, da ofensa ao assassinato. São Paulo: Scipione, 2001.

29.10.18

Leopoldina diz #EleNão

Orgulho de ser Leopoldinense, de ter nascido nesta terra maravilhosa, com nome de princesa.

Aqui, na eleição presidencial de 2018, venceu a democracia. A maioria dos eleitores leopoldinenses votou contra a intolerância e o defensor do discurso do ódio  que redunda em diversos tipos de violência.

Parabéns Leopoldina, teu povo é de paz, quer trabalho com direitos, quer educação e o respeito à diversidade cultural.

Esse resultado poderá ter impactos políticos daqui a 2 anos, nas eleições municipais. Vejamos:

1°. Coloca a dinastia que apoiou o presidente eleito em sinal de alerta. Se o povo mantiver a coerência, renovará no próximo pleito, colocando um fim à trajetória política do clã que chefia o local.

2°. Pode assanhar a taba petista, a qual despregada da realidade, se autoenganará fazendo crer que o resultado de 2018 foi por conta da força do Partido no local. Farão de tudo para lançar candidato, mesmo sem ter um. Ledo engano, pois o anti-petismo criado por parte da mídia, setores do judiciário, a ala golpista do PSDB (leia-se Aécio Neves) e também pelos erros endógenos de segmentos petistas é forte, algo de difícil desconstrução. Haddad venceu aqui pois a SOCIEDADE  se organizou e disse #EleNão. A vitória de Haddad se deve à tomada de consciência do próprio povo do risco que Bolsonaro representa para a democracia e não à influência ou credibilidade dos caciques petistas junto aos eleitores locais.

O movimento de repulsa ao autoritarismo emergiu da sociedade, não nasceu da iniciativa do PT ou de qualquer outro partido. Foi fruto do protagonismo e da cidadania de pessoas de bem, preocupadas com o futuro do país.

Portanto, os Leopoldinenses devem dizer, em 2020, não ao autoritarismo e não aos candidatos que falseam uma representação popular. Buscaremos uma terceira via, que seja arrojada, competente e transparente na gestão pública. Essa gestão precisa ter metas, alinhadas as necessidades da população, que sejam divulgadas e monitoradas pelo povo para construirmos uma cidade cada vez melhor para todos!

23.10.18

O silêncio e o ódio: racismo, da ofensa ao assassinato


A obra está disponível na biblioteca da escola, de autoria da escritora francesa Marie Agnès Combesque. 
Marie-Agnès Combesque

Combesque trata do racismo em diversos momentos da História, em diferentes épocas e lugares, aborda desde o tratamento cruel recebido pelo escravos africanos, passando pela segregação racial norte-americana ao nazismo. Chega nos dias atuais e mostra a presença do ódio e da xenofobia no trato de europeus em relação aos imigrantes e povos islâmicos. 

A autora mostra como o racismo passa do imaginário à violência, quando as ideias viram ação e perseguição aos grupos diferentes. Enfim, o livro é um primor com narrativa envolvente e estrutura diferenciada, apresentando relatos, trabalhando conceitos e contextualizando as marcas e os impactos sociais, políticos e econômicos do racismo nos vários lugares onde ele se manifestou.

Trecho do livro

  

18.10.18

Depois da mentira sobre o kit gay, agora tem fraude digital na campanha de Bolsonaro?

A Folha de São Paulo apurou que supostamente um grupo de empresários, inclusive o dono da Havan o qual fez o papelão de pressionar seus funcionários a votarem em  Bolsonaro, estariam contratando serviços digitais chamado de "disparo em massa".

O banco de dados seria fornecido ilegalmente a apoiadores de Bolsonaro que enviavam mensagens pelo Whatsapp para influenciar eleitores.

A reportagem cita como exemplo um serviço similar utilizado por Zema, em Minas Gerais. Nesse caso, as mensagens  vinculavam o voto em Zema ao Bolsonaro, isso teria contribuído para o candidato ao governo de Minas ter ficado em primeiro lugar. Nas pesquisas pré-eleitorais ele ocupava apenas a terceira posição. 

Mediante as graves denúncias do jornal Folha de São Paulo, resta  ao TSE reagir de forma urgente e enérgica  e dar uma resposta à sociedade. O órgão ficou  acuado ao longo de todo o processo eleitoral pelos bolsonaristas, que questionam a urna eletrônica, usam robôs em redes sociais, espalham fake news, disseminam o ódio e a violência.
Será que a turma do Bolsonaro ficará impune? E os ministros do TSE irão combater as fakenews ou ficarão quietinhos fingindo que está tudo bem?




16.10.18

Equilibrando as chances: jogue a toalha, Haddad

A popularidade de Lula e do PT ficaram reduzidas ao Nordeste. Pouco para vencer a eleição que se avizinha. No restante do país predomina, com mais ou menos intensidade, o antipetismo.
É o repúdio ao lulo-petismo o maior combustível para o sucesso eleitoral de Bolsonaro, tendo em vista o despreparo e a falta de propostas desse candidato. Some a isso o fato de que a campanha de Haddad é insossa, quase inócua no centro-sul do país, onde Bolsonaro arregimenta multidões. O petista tem perfil discreto é boa figura, mas não emplacou, caminha para uma derrota segura. Não adianta chamar Bolsonaro para o debate ou denunciar fakenews no TSE, a vitória do extremismo e da via autoritária já está pavimentada.

No primeiro turno o candidato do PSL obteve quase 50 milhões dos votos e no segundo turno, ao que tudo indica, terá outro êxito fácil.

A eleição de  Bolsonaro  confirmará  mais uma aposta equivocada de Lula que impôs um "poste" para a centro-esquerda. Muitos esperavam o apoio do cacique petista à Ciro Gomes (PDT), mas a ideia foi rechaçada pela presidente do Partido, Gleisi Hoffmann: Ciro "nem com reza brava".

Mesmo com todas as pesquisas e simulações eleitorais apontando que somente o pedetista tinha chances reais de vencer a extrema-direita no segundo turno, o apoio do PT, em nome da hegemonia, não se concretizou. E Lula ainda trabalhou para isolar potenciais apoiadores de Ciro, deixando-o sem opções de alianças.

A vice na chapa do PDT, a senadora Kátia Abreu, sugeriu que Haddad desistisse para que Ciro Gomes pudesse concorrer. Ele é mais experiente, preparado e tem ficha limpa, além de ser mais incisivo e objetivo ao apresentar suas propostas. Ciro não carrega consigo o ranço antipetista, selado em Haddad junto com o apoio de Lula. Só o paulista radicado no Ceará teria chances reais de unir as forças democráticas contra o autoritarismo intolerante e violento que está  posto em nossa frente.

Agora, talvez, seja tarde demais para Ciro, para o PT e para o futuro da democracia. Mas como já  estamos no fundo do poço, por que não tentar algo diferente? 

Renuncia Haddad, abra a vaga para Ciro Gomes disputar em nome da soberania nacional, da retomada do desenvolvimento e da pacificação do país, sem alijar aqueles que mais necessitam do Estado e da política de bem-estar social.

Seria um ato digno e independente de sua parte, Haddad. Essa atitude demonstraria que você não é um fantoche do Lula e da louca hegemonia partidária petista.

14.10.18

CLT (1943-2019)




Vai um Açaí? Cuidado com o Mal de Chagas


A doença de Chagas foi descoberta no Brasil pelo médico Carlos Chagas, por volta de 1909. O cientista observou que o vetor do parasita era o inseto, o barbeiro, o qual vivia nas fendas das paredes de barro das casas de pau a pique.

À noite,  o inseto picava os moradores e transmitia-lhes o parasita, que Chagas chamou de trypanosoma cruzi. Uma vez que o parasita atingia a corrente sanguínea iniciava a devastação do organismo, provocando, dentre outros, graves problemas cardíacos na pessoa contaminada.

A partir dos anos 1970, o controle do inseto reduziu a contaminação via vetorial.

Entretanto, O Mal de Chagas continua fazendo vítimas no Brasil até hoje com o contágio pela via oral, através da ingestão de alimentos que tiveram contato com as fezes do barbeiro.

É o caso da cana e do açaí, as frutas, se não forem higienizadas adequadamente, podem ser trituradas junto com as fezes ou partes do barbeiro e assim contaminarem as pessoas pela via oral quando consomem esses produtos .

No estado do Pará, por exemplo, o extrativismo e o consumo do açaí são importantes para a economia do estado. Lá os casos de pessoas contaminadas pela doença de Chagas tem aumentado, por isso há um investimento em pesquisas, diagnósticos e incentivos aos extrativistas e comerciantes de açaí a adotarem medidas de higienização tanto do fruto quanto dos equipamentos de beneficiamento, como as batedeiras.

Embora pesquisadores afirmem que não há risco de epidemia, a situação preocupa, pois em vários casos a vítima não apresenta sintomas e o percentual de óbito dos contaminados pela via oral é maior do que na forma clássica de transmissão da doença.

Mais informações na reportagem no site da Folha de São Paulo.

Dica do Julius: Revolução industrial



Disputa em Minas Gerais e o fim do plano de carreira dos professores

Zema ou Anastasia.  Quem sair vitorioso no pleito do dia 28 deste mês atacará os direitos dos professores da rede estadual de Minas Gerais.

Anastasia quando governou impôs o subsídio, uma forma de burlar a lei federal do piso sob pretexto de modernizar o plano de cargos. Só fez isso com os profissionais da Educação, as demais categorias do serviço público  não foram tão prejudicadas quanto o magistério no mesmo período.  No governo de Anastasia, vale lembrar, ocorreu uma greve histórica na educação, que durou pouco mais de cem dias.

Já Zema pretende rever o plano de carreira dos professores, ele questiona o direito de promoção na carreira por tempo de serviço e  também por escolaridade. Defende a implantação de bonificações por cumprimento de metas, nada novo, pois já visto em governos anteriores. O fim da promoção por escolaridade, por exemplo, poderá ter um efeito negativo sob os profissionais que buscam aperfeiçoamento e formação continuada, o que sua vez impactará negativamente na melhoria da qualidade do ensino.

Com um ou outro eleito, quem sairá perdendo são os educadores, os quais haviam conquistado o piso salarial após anos de lutas e um plano de carreira mais justo.
O aspecto positivo do fim do (des)governo Pimentel é que o Sindicato representante dos educadores deve acordar de sua sonolência. Após quatro anos de modorra no governo petista (Por que será?), em 2019 o Sindicato deve colocar o bloco na rua contra a tempestade porvir. Difícil é ter moral para convocar e unir professores descrentes numa estrutura falida devido ao uso sindical feito por alguns elementos para galgar cargos na administração ou obter capital político para disputas eleitorais. 


13.10.18

Radicalismo político e a escalada da violência


A disputa política brasileira virou uma selvageria. Manifestar sua preferência por um ou outro candidato tornou-se um perigo no país.

Vejam o que ocorreu com o mestre de capoeira na Bahia, foi esfaqueado por dizer que preferia o PT.

Vamos lembrar que a arte que o mestre praticava é patrimônio da  cultura brasileira, um símbolo da resistência dos afrodescendentes à escravidão, instituição que tanto prejudicou este país.

Triste ver como os negros e os pobres são tratados com descaso, e como a vida e o respeito à dignidade e à liberdade estão  sendo corroído num país onde a regra sempre beneficiou os poderosos.

Triste ver em Leopoldina, cidade da Zona da Mata mineira marcada por um passado escravocrata e de segregação racial, mestre de capoeira apoiando Bolsonaro cujo discurso vai de encontro ao simbolismo libertário encarnado na arte da capoeira. Cada um tem o direito de apoiar quem quiser, é evidente, mas anular o pensamento crítico devido ao antipetismo propalado pela mídia é ceder espaço para o crescimento da violência, da intolerância e manutenção da ordem social que privilegia os mais ricos e pune negros, índios, mestiços e brancos pobres. 

Esse mestre de capoeira, no qual acreditei uma vez, não me convence mais. Para mim, o simbolismo libertário da arte afrodescendente que virou patrimônio nacional não combina em nada com o discurso autoritário, xenofóbico, excludente e violento da extrema-direita. Se o cidadão não tem esclarecimento para perceber isso, é porque não é um boa liderança política e nem tem apego aos ideais da democracia. 

Saúde e paz.